26.4.10

Rise


Já era tarde quando tudo escureceu. A luz, que já entrava fraca pela fresta da cortina, de uma hora pra outra sumiu completamente. Era sinal da chuva que viria.

Ela saiu de casa para que pudesse ver melhor o temporal que se armava e se deixou molhar pela chuva. Era uma chuva de palavras que a enchiam de vontade, confiança.
Ela se banhou e acostumou-se com o temporal de palavras, que tinham ficado mais frequentes de um mês pra cá. Então, quando a chuva ameaçava vir, ela corria pra fora. Aquilo era revigorante e vital.

Depois de quase uma semana sem chover, parecia que mais um temporal estava a caminho. Ela se preparou e quando as primeiras gotas começaram a descer, não lhe caiam tão bem. Eram como granizo, a cada queda uma marca. Uma ferida.

Por que tantas perguntas? Tanta coisa que ela nem sabia responder.

Por que tantas perguntas? Talvez porque ela nunca havia sido questionada desse jeito.

"Por que as perguntas doem tanto?" - pensou ela, enquanto procurava algum abrigo.

Por que ter que responder agora, se ainda tem tanto caminho pra trilhar?

Por que dói mais vindo daí?

Por que falta a chuva de respostas e sobra a chuva que vem dos olhos?

Por que só a prova é o suficiente?


Porque se eu precisasse responder, eu diria: "se você tiver de andar um milhão de quilometros, eu esperarei um milhão de dias para te ver sorrir. através da distância e do tempo, eu estarei esperando".



mas o que vem dai,
eu já não sei.